Brian Winter no podcast da Globo sobre a proposta de Lula para as eleições venezuelanas
Brian Winter no podcast da Globo sobre a proposta de Lula para as eleições venezuelanas
"A fraude do Maduro foi demais para o Lula", diz o vice-presidente de política da AS/COA ao podcast "O Assunto".
A jornalista Natuza Nery, do podcast "O Assunto", entrevistou o vice-presidente de política da AS/COA, Brian Winter, sobre a proposta de Luiz Inácio Lula da Silva de realizar novas eleições na Venezuela depois de grande parte da comunidade internacional ter rejeitado os resultados das eleições realizadas no final de julho e que deram a vitória ao presidente Nicolás Maduro.
Winter disse isso "o importante aqui é que eu vejo o Lula, para surpresa de muitos, agindo de certa boa fé, que é uma mensagem que eu estou tentando transmitir nesses dias para amigos americanos, venezolanos, chilenos, argentinos, todos têm curiosidade sobre perguntas, sobre a posição do Lula. Eu vejo um governo agindo de boa fé, tentando procurar uma certa pacificação na Venezuela. Vamos ver se dá certo ou não, mas acho que essa é a intenção".
Winter também explicou que temos um regime venezuelano que está cada vez mais repressivo, que não tem intenção alguma de abrir mão do poder, e países da região da América Latina, como o Brasil, como a Colômbia, estão tentando ajudar.
"Eu acho que basicamente as ações do Maduro, a fraude do Maduro, foi demais para o Lula. Também tem o fator doméstico, que o Brasil também é um país onde a Venezuela, onde o Maduro é muito impopular, onde também tem um questionamento do processo eleitoral que veio da última eleição, totalmente diferente na minha avaliação. Mas infelizmente, os caminhos disponíveis, os caminhos abertos para tentar procurar uma solução na Venezuela são poucos. Quando um governo vai por esse caminho, o caminho da Nicarágua, o caminho de Cuba, de fazer uma repressão ainda mais forte do que existia antes da eleição, quando uma ditadura tem a vontade de ignorar a economia para garantir a sua própria sobrevivência, e também de exportar gente, como já fez, lembrando que oito milhões de venezuelanos já foram embora nos últimos seis anos, e agora parece que os números estão crescendo de novo, quando uma ditadura tem a vontade de assumir esses custos, quando não se importa com nada, não liga para a opinião internacional, são poucas as opções", disse Winter.
Nery perguntou se Winter considera factível a realização de novas eleições.
"María Corina Machado, líder da oposição, já anunciou que ter uma segunda eleição seria um insulto para o povo venezuelano, que já votou uma vez, que já, na opinião dela, já deu sua preferência. Ela falou o quê? Se o regime não gostar da segunda eleição vai para uma terceira, para uma quarta, ao mesmo tempo, nessas situações tão difíceis e assimétricas, porque é o Maduro que tem a força, ele que tem o exército, ele que tem o monopólio da força nessa situação. Em algum momento as duas partes vão ter que fazer algo que não querem fazer. Eu não sei se esse esse cenário seria uma segunda eleição com a presença de observadores independentes, mas se houver uma solução negociada, vai ser mais ou menos por aí, vai ser algo que vai incomodar todo mundo. Então eu não descartaria ainda essa possibilidade, embora a oposição já falou que não quer", respondeu Winter.