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Lula projeta Brasil como líder do Sul Global e voz a ser ouvida nas questões mundiais

Discurso de Lula na ONU "não foi de um presidente de um poder regional, e sim de um poder global," disse Brian Winter do COA ao O Globo.

Em seu retorno à Assembleia Geral das Nações Unidas após 14 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou, ontem, colocar-se como o porta-voz dos países em desenvolvimento - o chamado Sul Global - e fez um discurso em que abordou um amplo arco de questões da agenda internacional. Lula voltou a cobrar os mais ricos por dívidas ambientais, criticou a desigualdade social e a fome no planeta, defendeu a reforma das instituições de governança mundial para que deem mais voz às nações mais pobres, e afirmou que a guerra na Ucrânia "escancara a incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU".

Analistas ouvidos pelo GLOBO apontaram, por trás do discurso, o desejo de Lula de projetar-se como líder dos países em desenvolvimento e de demarcar sua ruptura com a política externa de seu antecessor, Jair Bolsonaro. O presidente brasileiro disse que falta "vontade política" dos governantes mundiais para vencer as desigualdades sociais e bateu novamente no Conselho de Segurança, afirmando que o órgão máximo da ONU teria perdido a capacidade de mediar conflitos. 735 milhões com fome Lula falou por 21 minutos e foi aplaudido cinco vezes durante seu discurso. Ao mencionar a desigualdade crescente e a fome no mundo, o presidente citou dados do último Mapa da Fome da FAO (sigla em inglês para Organização para Alimentos e Agricultura) para afirmar que é preciso "vencer a resignação que nos faz aceitar" as injustiças. [...]

O brasilianista e editor-chefe da Americas Quarterly, Brian Winter, também ficou positivamente impactado pela fala do presidente brasileiro: - Foi o discurso de um chefe de Estado que quer se projetar como líder do Sul Global, não foi de um presidente de um poder regional, e sim de um poder global. Segundo Winter, o brasileiro fez um discurso "ambicioso e sem os erros que caracterizaram algumas de suas declarações nos últimos meses, sobretudo quando se referiu ao conflito entre Rússia e Ucrânia".

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