Share

A muralha de Trump será desafio de 2025, mas Brasil tem oportunidades na nova conjuntura

By Diogo Schelp

"Trump está focado naquilo que ele considera ser o melhor para os interesses dos Estados Unidos", diz Brian Winter da AS/COA a revista Veja. 

Donald Trump, eleito para um segundo mandato não consecutivo como presidente dos Estados Unidos, tem planos de erguer uma muralha ao redor da maior economia mundial. A muralha pode ser real, quando se trata de uma barreira física para bloquear a entrada de imigrantes no país pela fronteira com o México, ou metafórica, quando se refere às promessas de aumento de tarifas de importação e de criação de obstáculos para impedir empresas e investimentos de deixarem os Estados Unidos.

Os riscos para a economia como um todo são imensos, pois estamos falando do país que emite a principal moeda de reserva internacional, o dólar,e cujo mercado consumidor é o mais conectado ao comércio global — os americanos são os maiores importadores do planeta, comprando mais de 3,8 trilhões de dólares em bens e serviços de fora por ano. [...]

A segunda lição é que, para construir essa relação pragmática com Trump, será preciso evitar que ele veja o governo brasileiro como um adversário. Essa é a parte mais difícil. Alguns aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro com clara influência sobre Trump e sobre encarregados de sua política externa tentam promover a narrativa de que o Brasil é tão ruim quanto a Venezuela, sugerindo que, sob Lula, o país reprime opositores e a liberdade de expressão”, diz o analista político americano Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly.

Entre as pessoas que tendem a ver Lula negativamente, por ter uma concepção da América Latina sustentada na divisão entre esquerda e direita, está o senador Marco Rubio, nomeado por Trump para o cargo de secretário de Estado, o equivalente a chanceler. O melhor a fazer seria o governo brasileiro evitar declarações que deem a Trump a chance de colocá-lo na lista de inimigos. Não ajuda nesse propósito xingar aliados do presidente eleito, como fez a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, com o bilionário Elon Musk dias antes da reunião de cúpula do G20 no Rio, em novembro. Por outro lado, avalia Winter, “Trump é um negociador e está focado naquilo que ele considera ser o melhor para os interesses dos Estados Unidos”. Se Lula souber jogar esse jogo, o Brasil pode escapar de ficar entre os países mais prejudicados pela muralha de Trump.

Leia o artigo completo.