'Trump sabe que não pode abandonar quem o apoiou', diz especialista
'Trump sabe que não pode abandonar quem o apoiou', diz especialista
Em entrevista para O Globo, Brian Winter da AS/COA comenta sobre a presidência de Donald Trump e as implicações para América Latina.
RIO DE JANEIRO — Vice-presidente de Política da Americas Society, em Nova York, Brian Winter acredita que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, não será tão imprevisível como se imagina. Para o especialista, suas características populistas e protecionistas devem marcar os primeiros dias de governo.
Antes da eleição, o senhor se arriscou a dizer que Donald Trump tinha grandes chances de ser eleito...
As pesquisas indicavam que dois terços dos americanos achavam que o país estava no caminho errado, a receita clássica para a vitória da oposição. Claro que um candidato clássico republicano teria ganhado por uma margem muito maior. No caso de Trump, ele quase perdeu pela capacidade de dividir as pessoas, além dos problemas com vários grupos da sociedade americana, como hispânicos, negros, mulheres e outros. Mas, no fim, acabou obtendo o apoio mínimo de que precisava para ganhar.
Quais as características que o qualificam como um populista?
Trump deixou claro que o governo vai ficar muito concentrado em suas mãos — sua famosa conta no Twitter mostra isso quando dá recados de quais vão ser as políticas de seu governo. Isto é novidade para nós. Os EUA são um país que quase sempre foi focado nas instituições, em regras e políticas para lidar, por exemplo, com o tema das exportações. Trump está tratando as empresas de forma individual, algo parecido com governos de outras partes do mundo, como na América Latina.
Falei durante a campanha que os únicos nos EUA que entendiam a importância dessas eleições eram os hispânicos, que têm experiência com líderes como ele. Por isso, não é apenas na Europa que ele tem adeptos: também na América Latina, e inclusive no Brasil, já vemos simpatizantes que tentam abraçar sua causa — essa parte de uma sociedade que acha que a elite “globalista” se abriu demais aos imigrantes e ao comércio e que houve excessos....