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Brasil e EUA são bons vizinhos, mas não aliados', diz analista

By Leda Balbino

Os Estados Unidos e o Brasil devem reconhecer que a relação bilateral é maior do que o escândalo sobre espionagem, afirma Eric Farnsworth da AS/COA.

Controvérsia sobre espionagem mostra quanto relação política bilateral deve ser problemática no longo prazo.

Os EUA chamam o Brasil de país aliado , enquanto o governo brasileiro caracteriza a relação com Washington como estratégica . Mas, para analistas ouvidos pelo iG , o discurso feito há uma semana pela presidente Dilma Rousseff denunciando a espionagem americana é uma mostra do quanto a relação política entre as duas maiores economias das Américas é problemática e deve se manter complicada no longo prazo. “O Brasil e os EUA são bons vizinhos – mas não bons amigos, parceiros ou aliados”, disse Peter Hakim, presidente emérito do Inter-American Dialogue.

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Para o especialista nas relações dos EUA com a América Latina, mais do que o discurso, a decisão de Dilma de cancelar a visita de Estado que faria à capital americana em outubro dá um sinal claro de que Washington deveria priorizar a relação com o Brasil. Hakim, porém, duvida que isso ocorra.

O motivo? A falta de uma estratégia dos dois países para a aproximação e o fato de que questões como o conflito sírio , o programa nuclear iraniano e assuntos domésticos como orçamento , limites da dívida, reforma migratória e controle de armas consomem muito tempo e energia do governo de Barack Obama. “Há tantos desafios atualmente à imagem de Obama, que acho difícil que a posição de Dilma (sobre a espionagem) tenha sequer um impacto mínimo”, afirmou o especialista....

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O discurso foi proferido exatamente uma semana depois do cancelamento da visita de Estado , que poderia ter sido uma plataforma para acordos na exploração de petróleo e na tecnologia de biocombustíveis e ter garantido aos EUA uma nova oportunidade para defender a aquisição pela Boeing de um contrato brasileiro de mais de US$ 4 bilhões em caças. Em nota a seus clientes, analistas da empresa de consultoria Eurasia avaliaram que o cancelamento “reduz de forma significativa” as chances da Boeing.

Apesar de reconhecer que a espionagem dos EUA “passou dos limites” e não foi “sensata”, Eric Farnsworth, vice-presidente do Conselho das Américas e das Sociedades Americanas (AS/COA, na sigla em inglês), lembra que os EUA indicaram que revisarão, mas não porão fim aos controvertidos métodos de interceptação de dados. “(A denúncia de espionagem) é realmente infeliz, mas tem de haver um reconhecimento mútuo de que a relação é maior do que isso”, disse. “Se não for visto assim, os impactos negativos de longo prazo não serão bons para o Brasil nem para os EUA”, afirmou.

Para Farnsworth, os riscos se concentram na relação política e no âmbito dos acordos bilaterais comerciais e fiscais, mas não tanto no setor econômico. “O setor privado é que impulsiona a relação econômica, e as empresas continuarão investindo em ambos os países”, disse. “Precisamos uns dos outros”, completou....

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